Artigo escrito por Marcius Vitale – Engenheiro de Telecomunicações, Elétrica e Segurança.
Tenho observado uma violenta transformação no segmento de infraestrutura de telecomunicações no Brasil, com o aumento considerável de materiais nos postes e subsolo das cidades brasileiras, congestionados pelas diversas concessionárias de serviços. A situação gera uma degradação das condições físicas das redes de telecomunicações e impacta diretamente a qualidade dos serviços disponibilizados, causando complicações na manutenção da infraestrutura das redes.
Para minimizar o problema é necessário a aplicação dos conceitos que defino como “Infraestrutura Disruptiva”. Ela visa modificar ou romper com o processo em andamento, impondo mudanças profundas no atual modelo já estabelecido.
Acredito que apenas analisando e remodelando o que existe atualmente conseguiremos melhorar o cenário caótico. Para obtermos sucesso é preciso uma visão de futuro, desenvolvendo novas soluções criativas calcadas em inovação e entendimento das condições do entorno e evidências observadas no campo.
A Tecnologia disruptiva já está presente no nosso dia a dia, mas quando o assunto é infraestrutura de telecomunicações ainda é preciso uma transformação maior, capaz de conduzir o setor na adoção de novas tecnologias e processos.
A realidade demonstra que muitas empresas não conseguem visualizar o futuro, que já chegou, por isso profundas modificações no cenário ainda precisam ser entendidas e implementadas. Novas tecnologias estão sendo disponibilizadas no dia a dia, atropelando e deixando para trás os antigos procedimentos que ainda são adotados atualmente.
Alguns exemplos interessantes que demonstram o conceito de disrupção:
– UBER – O case da Uber trouxe um novo sistema de transporte inteligente de passageiros, propiciando ao usuário uma opção de deslocamento rápido e barato, por meio de dispositivos móveis.
– Internet das Coisas – Tudo estará conectado em tempo real pela IoT, que é uma tecnologia disruptiva e já impacta positivamente diferentes segmentos do mercado, tais como: saúde, logística, vendas, meio ambiente, carros, eletrodomésticos, telecomunicações, entre outros sistemas.
– Inteligência Artificial (IA) – Robôs dotados de IA não são mais futuristas. Atualmente, a IA assume funções repetitivas e precisas em jornadas de trabalho mais intensas, permitindo que os colaboradores possam realizar trabalhos de planejamento estratégico.
Pelos levantamentos que tenho realizado em campo, ao longo dos últimos anos, fica evidente que algumas soluções disruptivas podem e devem ser implementadas de imediato pelos gestores, apoiadas no bom senso e nas práticas da boa Engenharia.
Novas técnicas estão sendo trabalhadas para o ordenamento das redes aéreas em postes, com o aproveitamento dos cabos existentes, assim como, na arrumação dos cabos subterrâneos, utilizando dispositivos. Esse é um dos projetos desenvolvidos por meu grupo de trabalho.
As soluções técnicas disruptivas são fundamentadas na avaliação das reais condições de campo e conhecimento e no desenvolvimento de uma nova forma de implantação de infraestrutura de redes de telecomunicações urbana. Em paralelo, observamos que muitos produtos e equipamentos utilizados no exterior podem ser utilizados aqui, desde que essas soluções sejam “tropicalizadas” e adequadas para as nossas condições de campo e mão de obra.
Temos consciência de que, se nada for realizado no curto prazo, não conseguiremos adequar projetos e criar alicerce seguro que possa suportar a gigantesca demanda por banda larga, assegurando um sólido ROI (Retorno sobre Investimento) para os investidores e o fornecimento de serviços com qualidade para a população.
Cabe lembrar que, os profissionais do setor de telecomunicações, devem ser capacitados para entender como manusear estas novas ferramentas disruptivas. Apenas com habilidades técnicas e cognitivas eles poderão garantir segurança à população e mais espaço neste já disputado mercado de trabalho.
Matéria realizada por Boox Comunicação.